UMA CARACTERIZAÇÃO DO DESENHO NA ESCOLA PRIMÁRIA INTUITIVA A PARTIR DOS PROGRAMAS DE ENSINO (SÃO PAULO, 1894-1921)

Autores

Palavras-chave:

Desenho Intuitivo, Grupos Escolares., Saberes., Pedagogia Moderna.

Resumo

Este texto analisa a constituição do ensino de Desenho no contexto da escola primária paulista de finais do século XIX e início do século XX e as transformações operadas no âmbito escolar paulista, frente às novas demandas do método de ensino intuitivo e o papel do Desenho neste contexto. Diante disso, operou-se com os referenciais teórico-metodológicos advindos da sócio história que caracterizam os saberes envolvidos na formação de professores e no ensino. A partir do exame dos programas de ensino paulista, buscou-se atentar para as finalidades do ensino do Desenho, em busca de identificar que saberes a e para ensinar eram decantados da análise empreendida. O estudo mostra que os saberes a ensinar e para ensinar Desenho foram se modificando em função do movimento de renovação pedagógica ocorrido em São Paulo, onde o desenho ao natural tornou-se objeto e ferramenta de ensino, em detrimento do desenho de figuras geométricas. A própria concepção de intuitivo, do ponto de vista do ensino de Desenho, se altera ao longo do período investigado, com a pedagogia intuitiva, caracterizando-o como um desenho intuitivo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcos Denilson Guimarães, Colégio Militar Tiradentes VI/São Luís/MA

Doutor em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Professor dos Anos Finais do Ensino Fundamental da Escola Municipal Parque Vitória/Colégio Militar Tiradentes VI, São José de Ribamar, Maranhão, Brasil.

Martha Raíssa Iane Santana da Silva, Escola Municipal Deputado Gersino Coelho (EMDGC)

Pós-doutorado pelo Programa de Pós-Graduação de Educação Matemática, na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC - atual), campus Ilhéus - BA. Doutora em Educação e Saúde (UNIFESP - 2017); doutorado sanduíche Université Paris Sud - Paris XI (2014 - 2015), pelo projeto de cooperação internacional entre as agências CAPES e COFECUB; mestre em Ciências: educação e saúde na infância e na adolescência (UNIFESP - 2013); Pedagoga (Faculdade Social da Bahia - 2010). Componente do Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática (GHEMAT). Possui experiência na organização de atividades de Formação continuada para professores, no trabalho com Escolas populares, Educação Infantil e ações de formação para adolescentes e jovens. Experiência na docência no ensino superior.

Referências

Baduy, M., & Ribeiro, B. O. L. (2020). Origens do grupo escolar e a modernização (Educacional) no Brasil. Intercursos, Ituiutaba, 19(1), 5-17. https://revista.uemg.br/index.php/intercursosrevistacientifica/article/view/5232

Barbosa, R. (1946). Reforma do Ensino Primário e várias Instituições Complementares da Instrução Pública. Obras Completas de Rui Barbosa, Vol. X, 1883, tomo II. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde.

Bastos, M. H. C. (2000). Ferdinand Buisson no Brasil – pistas, vestígios e sinais de suas ideias pedagógicas (1870-1900). Revista História da Educação, ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, 4(8), 79-109. https://seer.ufrgs.br/asphe/article/view/30140

Calkins, N. A. (1950). Lições de Coisas. Obras Completas. Vol. XIII, Tomo I. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde.

Canto, P. C. (1906). Desenho. Revista de Ensino, São Paulo, Anno IV, n. 4, janeiro, pp. 767-770. http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/97521

Carvalho, M. M. C. (2000). Modernidade pedagógica e modelos de formação docente. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, 14(1), 111-120.

Castanha, A. P. (2013). Edição crítica da legislação educacional primária do Brasil Imperial: a legislação geral e complementar referente à Corte entre 1827 e 1889. Paraná: UNIOESTE-FB; Navegando Publicações.

Chartier, R. (2002). A história cultural – entre práticas e representações. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S.A.

Chervel, A. (1990). A história das disciplinas escolares – reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria & Educação, n. 2. Porto Alegre: Pannonica.

D’Enfert, R. (2016). Ensino do Desenho e a cultura gráfica na França nos séculos XIX e XX. Trad. Amanda Freire Rios e Takiko Nascimento. In G. M. C Trinchão (Org.). Desenho, ensino & Pesquisa. Salvador: EDUFBA; UEFS.

Duarte, A. R. S. (2015). Os programas de ensino de Matemática para o curso primário: fontes de pesquisa para a história da educação. In W. R. Valente (Org.). Cadernos de Trabalho – Programas de ensino (v. 10). São Paulo: Editora Livraria da Física.

Faria Filho, L. M., & Vidal, D. G. (2000). Os tempos e os espaços escolares no processo de institucionalização da escola primária no Brasil. Revista Brasileira de Educação, n. 14, mai./jun./ago.

Forquin, J.-C. (1992). Saberes escolares, imperativos didáticos e dinâmicas sociais. Teoria e Educação, Porto Alegre, v. 6, 49-28.

Frizarinni, C. R. B. (2014). Do ensino intuitivo para a escola ativa: os saberes geométricos nos programas do curso primário paulista. (Dissertação em Educação e Saúde). Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/126743

Guimarães, M. D. (2017). Porque ensinar desenho no curso primário? Um estudo sobre as suas finalidades (1829-1950). (Tese em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência). Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/180323

Hofstetter, R. et al. (2013). Pénétrer dans la vérité de l’école pour la juger pièces en main. L’irrésistible institutionnalisation de l’expertise dans le champ pédagogique (XIXe. – XX siècles). In Borgeaud, et al. (Orgs.). La fabrique des savoirs – figures et pratiques d’experts. Genève: Éditions Médicine et Hygiène.

Hofstetter, R., & Schneuwly, B. (2017). Disciplinarization et disciplination consubstantiellement liées. Deus exemples prototypiques sous la loupe: les sciences de l‘education et des didactiques des disciplines. In R. Hofstetter & W. R. Valente. (Org.). Saberes em (trans)formação: tema central da formação de professores (pp. 21-54, 1 ed.). São Paulo: Livraria da Física.

Leme da Silva, M. C. (2014). Desenho e geometria na escola primária: um casamento duradouro que termina com separação litigiosa. História da Educação, v. 18, 61-73.

Leme da Silva, M. C. L. et al. (2016). A circulação nacional e internacional de ideias pedagógicas sobre o Desenho no curso primário: São Paulo, Sergipe, Santa Catarina e Paraná, 1890-1930. In N. B. Pinto & W. R. Valente (Orgs.). Saberes elementares matemáticos em circulação no Brasil: dos documentos oficiais às revistas pedagógicas 1890-1970 (v. 1, 1 ed.). São Paulo: Editora Livraria da Física.

Leme da Silva, M. C. (2022). Geometria escolar nos anos iniciais: uma história de movimentos em parceria com o desenho. Zetetiké, Campinas, SP, v. 30, 1-19 e022004. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/235446

Lussi Borer, V. (2009). Les savoirs: un enjeu crucial de l’institutionnalisation des formations à l’enseignement. In R. Hofstetter & B. Schneuwly (Orgs.). Savoirs en (trans) formation: ao coeur des professions de l’enseignement et de la formation (pp. 41-58). Bruxelles: Raisons éducatives.

Melo, C. S., & Machado, M. C. G. (2009). Notas para a história da educação: considerações acerca do Decreto nº 7.247, de 19 de abril de 1879, de autoria de Carlos Leôncio de Carvalho. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 34, 294-305.

Oliveira, M. A. (2017). A Aritmética escolar e o método intuitivo: um novo saber para o curso primário (1870-1920). (Tese em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência). Universidade Federal de São Paulo. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/178956

Oliveira, M. A., & Pinheiro, N. V. L. (2022). Uma matemática a ensinar, 1870-1920. In W. R. Valente & L. F. Bertini (Orgs.). A matemática do ensino: por uma história do saber profissional, 1870-1960 (Coleção educação e saúde; v. 1). São Paulo, SP: Pontes Editores, Universidade Federal de São Paulo.

Revista de Ensino (1905). Órgão da Associação Beneficente do professorado público de São Paulo. São Paulo: Typ. Guimarães, n. 1, ano IV, abr. Recuperado de file:///C:/Users/SAMSUNG/Downloads/Revista%20de%20Ensino%201905%20Anno%20IV%20nr.%2001%20-%20abril,%20SP..pdf

São Paulo (1887). Lei n. 81 de 06 de abril de 1887. Reforma da Instrução Pública da província de São Paulo. Recuperado de https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1887/lei-8106.04.1887.html#:~:text=Art.,instruc%C3%A7%C3%A3o%20publica%20e%20conselhos%20municipaes.&text=Art.,-2.

São Paulo (1892). Lei n. 88 de 08 de setembro de 1892. Reforma da Instrução Pública do Estado. Recuperado de https://www.al.sp.gov.br/norma/64173

São Paulo (1894). Decreto n. 248, de 26 de julho de 1894. Aprova o regimento interno das escolas públicas. Recuperado de https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/99544

São Paulo (1905). Decreto n. 1281, de 24 de abril de 1905. Aprova e manda observar o programa de ensino para a escola modelo e para os grupos escolares. Recuperado de https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1905/decreto-1281-24.04.1905.html

São Paulo (1910-1911). Anuário do Ensino do Estado de São Paulo. Inspetoria Geral do Ensino. São Paulo: Tip. Augusto Siqueira & C. Recuperado de https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/96651

São Paulo (1911-1912). Anuário do Ensino do Estado de São Paulo. Inspetoria Geral do Ensino. São Paulo: Tip. Augusto Siqueira & C. Recuperado de https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/96653

São Paulo (1913). Anuário do Ensino do Estado de São Paulo. Inspetoria Geral do Ensino. São Paulo: Tip. Augusto Siqueira & C. Recuperado de https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/100250

São Paulo (1918). Anuário do Ensino do Estado de São Paulo. Inspetoria Geral do Ensino. São Paulo: Tip. Augusto Siqueira & C. Recuperado de file:///C:/Users/SAMSUNG/Downloads/10011714-1.pdf

São Paulo (1918). Decreto n. 2944, de 08 de agosto de 1918. Aprova o regulamento para a execução da Lei n. 1579, de 19.12.1917, que estabelece diversas disposições sobre a instrução pública do Estado. Recuperado de https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1918/decreto-2944-08.08.1918.html

São Paulo (1921). Decreto n.º 3356, de 31 de maio de 1921. Regulamenta a Lei n. 1750, de 8 de dezembro de 1920, que reforma a instrução pública. Recuperado de https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1921/decreto-3356-31.05.1921.html

Shieh, C. L. (2010). O que ensinar nas diferentes escolas públicas primárias: um estudo sobre os programas de ensino (1877-1929). (Dissertação em História da Educação). Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo.

Souza, R. F. (2000). Inovação educacional no século XIX: a construção do currículo da escola primária no Brasil. Cadernos Cedes (UNICAMP), Campinas, v. 51, 33-44.

Souza, R. F. (2004). Lições da Escola Primária: um estudo sobre a cultura escolar paulista ao longo do século XX. In Anais do III Congresso Brasileiro de História da Educação. Curitiba, PR.

Souza, R. F. (2009). Alicerces da Pátria: História da escola primária no estado de São Paulo (1890-1976). Campinas, SP: Mercado de Letras.

Tolosa, B. M. (1893). Primeiras lições de desenho. Revista A Eschola Publica. São Paulo, SP: Typ. Hennies e Winiger, 1(1), jul. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/133603

Tolosa. B. M. (1894a). Revista A Eschola Publica. São Paulo, SP: Typ. Hennies Irmãos, 1(6), jan. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/133608

Tolosa, B. M. (1894b). Revista A Eschola Publica. São Paulo, SP: Typ. Hennies Irmãos, 1(9), abr. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/133612

Trindade, D. A. (2018). As artes de medir: saberes matemáticos no ensino primário de São Paulo, 1890-1950. (Tese em Educação e Saúde na Infância e na Adolescência). Universidade Federal de São Paulo. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/192879

Valdemarin, V. T. (2010a). História dos métodos e materiais de ensino: a escola nova e seus métodos de uso. São Paulo: Cortez (Biblioteca básica da história da educação brasileira; v. 6).

Valdemarin, V. T. (2010b). A construção do objeto de pesquisa. In M. Silva & V. T. Valdemarin (Orgs.). Pesquisa em Educação: métodos e modos de fazer. São Paulo: Cultura Acadêmica.

Valente, W. R. (2011). A matemática na formação do professor do ensino primário: São Paulo, 1875-1930. São Paulo: Annablume; Fapesp.

Vidal, D. G. (2006). Tecendo história (e recriando memória) da escola primária e da infância no Brasil: os grupos escolares em foco. In D. G. Vidal (Org.). Grupos Escolares: cultura escolar primária e escolarização da infância no Brasil (1893-1971). Campinas: Mercado de Letras.

Downloads

Publicado

2022-11-17

Métricas


Visualizações do artigo: 237     PDF downloads: 89

Como Citar

Guimarães, M. D., & Santana da Silva, M. R. I. . (2022). UMA CARACTERIZAÇÃO DO DESENHO NA ESCOLA PRIMÁRIA INTUITIVA A PARTIR DOS PROGRAMAS DE ENSINO (SÃO PAULO, 1894-1921) . Revista De História Da Educação Matemática, 8, 1–22. Recuperado de https://histemat.com.br/index.php/HISTEMAT/article/view/524

Edição

Seção

Dossiê - A Mat. do Ensino e da Formação Primária em Tempos da Pedagogia Intuitiv