UM OLHAR PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS NO ACRE E AS PERSPECTIVAS SOBRE O ENSINO DE MATEMÁTICA (1983-2014)

Autores

DOI:

10.62246/HISTEMAT.2447-6447.2024.10.648

Palavras-chave:

Educação Escolar Indígena, Professor indígena, Magistério Indígena, Formação matemática

Resumo

No Brasil, as populações indígenas vivenciaram, ao longo da história, diferentes modelos educacionais escolares. As experiências, de forma direta ou indireta, contribuíram, algumas mais positivamente que outras, para a constituição de um modelo educacional escolar voltado especificamente para os povos originários, reconhecido oficialmente no país. Frente as novas propostas que se levantam, a formação dos professores que deveriam atuar nesse modelo incorpora, igualmente, diversas particularidades e faz emergir uma categoria profissional singular, o professor indígena. Diante da singularidade, este artigo objetiva compreender como ocorreu a formação do professor indígena que ensina matemática no estado do Acre. Para tanto, aliado a elementos da História Cultural, propomos um estudo histórico-investigativo que considera, a princípio, as legislações, as pesquisas científicas e os referenciais teóricos especializados que discutem a temática, sequenciado pela análise de documentos produzidos a partir de experiências formativas vivenciadas por esses profissionais em âmbito local por meio do curso Magistério Indígena de nível médio no período de 1983 a 2014. Resultante desses movimentos, é construída uma narrativa sobre o percurso formativo dos professores em que se destacam o caráter autoral destes personagens e os papéis por eles assumidos no delineamento dos programas formativos e na produção de materiais didáticos específicos, o que atribui ao percurso características peculiares, como flexibilidade e dinamicidade. No que tange aos saberes intrínsecos à prática docente, a preocupação com os conhecimentos disciplinares do campo da matemática evidencia-se na trajetória.

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Biografia do Autor

Mara Rykelma da Costa Silva, Instituto Federal do Acre

Professora no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Acre - IFAC. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciência e Matemática da Rede Amazônica de Educação em Ciência e Matemática - REAMEC, polo da Universidade Estadual do Amazonas - UEA. Mestra em Matemática pela Universidade Federal do Acre - PROFMAT/UFAC. Especialista em Educação Inclusiva pela Universidade Federal do Acre - UFAC. Licenciada em Matemática pela Universidade Federal do Acre (UFAC).

Laura Isabel Marques Vasconcelos de Almeida, Universidade de Cuiabá (UNIC)

Graduada em Pedagogia pela Universidade de Cuiabá (1994). Pós Doutora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da UNOPAR. Doutora em Educação pelo Programa de Pós Graduação da PUCPR, na linha de pesquisa: História e Políticas da Educação, concluído no ano de 2010 e Mestre em Educação pela UFMT, na linha de pesquisa em Educação em Ciências (2006). Vinculada ao Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática (GHEMAT), desde 2007. Especialista em Didática e Avaliação Educacional / UFMT (2000). Professora aposentada da Educação Básica em 2019, com vasta experiência na docência nos Anos Iniciais e na área de Gestão Escolar como Coordenadora Pedagógica. Atualmente é docente permanente do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu - Mestrado em Ensino da Universidade de Cuiabá e do Programa de Pós-Graduação Doutorado em Educação em Ciência e Matemática - PPGECEM da Rede Amazônica de Educação em Ciências REAMEC/UFMT, na Linha de pesquisa Formação de Professores e vice coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNIC.

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Publicado

2024-10-06

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Como Citar

Silva, M. R. da C., & Almeida, L. I. M. V. de. (2024). UM OLHAR PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS NO ACRE E AS PERSPECTIVAS SOBRE O ENSINO DE MATEMÁTICA (1983-2014). Revista De História Da Educação Matemática, 10, 1–22. https://doi.org/10.62246/HISTEMAT.2447-6447.2024.10.648

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