POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DE FRAÇÕES A PARTIR DA RÉGUA DE CARPINTEIRO CONTIDA NO TRATADO A BOOKE NAMED TECTONICON (1556)
Palavras-chave:
Ensino de Frações., Régua de Carpinteiro., História da Matemática.Resumo
A História da Matemática se constituiu, ao longo do tempo, como uma área de estudo com objeto e metodologia própria e, vinculada à Educação Matemática, disponibiliza recursos a serem incorporados no Ensino Básico e Superior. Dentre esses recursos, situam-se as fontes históricas, em particular, as que estão relacionadas às matemáticas práticas dos séculos XVI e XVII, visto que elas apresentam um saber-fazer de conhecimentos pouco disponibilizados em materiais publicados de História da Matemática. Entre essas fontes, tem-se o tratado A Booke Named Tectonicon, de Leonard Digger, datado de 1556, que traz a construção da régua de carpinteiro (carpeters ruler), da qual emergem conceitos relacionados a frações. Dessa forma, o estudo visa a apresentar uma discussão sobre as possibilidades didáticas para o ensino de frações por meio da graduação da régua de carpinteiro. Para isso, foi realizada uma metodologia qualitativa de cunho documental, fazendo-se uma tradução e uma leitura do tratado original, para, através de um tratamento didático, possibilitar discussões em torno do ensino de frações. A partir disso, foi possível observar que o processo de graduação da régua de carpinteiro, sob o olhar para a sala de aula, mobiliza conceitos relacionados a frações, dentre eles, destacam-se a definição de frações (relação parte e todo), os tipos de frações (própria, imprópria, mista ou aparente) e as operações com frações. Assim, a sua inserção na sala de aula pode contribuir com o processo de construção de conhecimento e auxiliar a articulação entre a história e o ensino de Matemática.
Downloads
Referências
Brasil. (2018). Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília.
Beltran, M. H. R., Saito, F. & Trindade, L. S. P. (2014). História da Ciência para formação de professores. São Paulo: Livraria da Física/Capes/Obeduc.
Castillo, A. R. M. (2016). Um estudo sobre os conhecimentos matemáticos incorporados e mobilizados na construção e no uso do báculo (cross-staff) em A Boke Named Tectonicon de Leonard Digges. 2016. 121f. Doutorado-Pontifícia Universidade Católica, São Paulo.
Castilho, A R. M. & Santos, Â. M. dos. (2019). Instrumentos matemáticos do tratado Tectonicon: uma possibilidade de trabalho em sala de aula. Matemática & Ciência, Belo Horizonte, v. 2, n. 2, p. 86-97.
Cormack, L. B.. Handwork and Brainwork: beyond the Zilsel thesis. In: CORMACK, L. B.; WALTON, S. A. & Schuster, J. A. (ed.). (2017). Mathematical Practitioners and the Transformation of Natural Knowledge in Early Modern Europe. Switzerland: Springe, p. 11-36. (Studies in History and Philosophy of Science, 45).
Digges, L. (1556). A boke named Tectonicon. London: Iohn Daye.
Digges, L.(1605). A boke named Tectonicon. London: Felix Kyngston.
Fauvel, J. & Maanen, J. V. (Org.). (2002). History in Mathematics Education: the ICMI study. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers.
Fried, M. N. (2001). Can Mathematics Education and History of Mathematics Coexist? Science & Education 10: 391–408.
Fried, M. N. (2014). Mathematicians, historians of mathematics, mathematics teachers, and mathematics education researchers: The tense but ineluctable relations of four communities. In M. N. Fried & T. Dreyfus (Eds.). Mathematics & mathematics education: Searching for common ground. Dordrecht: Springer, p. 94 – 98.
Grattan-Guiness, I. (1973). Not from nowhere. History and philosophy behind mathematical education. Int. J. ME Sci. Tech., 4, 421-453.
Grattan-Guiness, I. (2004). The mathematics of the past: distinguishing its history from our heritage. Historia Mathematica, 31, p. 163-185.
Miguel, A. et. al. (2009). História da Matemática em atividades didáticas. 2ed. São Paulo, Ed. Livraria da Física.
Mendes, I. A. (2009). Matemática e investigação em sala de aula: tecendo redes cognitivas na aprendizagem. São Paulo: Livraria da Física.
Miguel. A & Miorim, M. (2005). A História na educação matemática: propostas e desafios. Belo Horizonte: Autêntica.
Paulino, S. de S.; Argemiro Filho, C. F. A. & Pereira, A. C. C. (2020). Alguns aspectos contextuais da régua e do esquadro de carpinteiro no tratado A Booke Named Tectonicon (1556) de Leonard Digges. Boletim Cearense de Educação e História da Matemática, [S. l.], v. 7, n. 20, p. 170–180.
Paulino, S. de S. & Pereira, A. C. C. (2021a). Abordagem de conceitos matemáticos por meio da tabela de medidas da madeira de Leonard Digges (1520-1559). Remat: Revista Eletrônica da Matemática, [S.L.], v. 7, n. 1, p. e2007.
Paulino, S. de S. & Pereira, A. C. C. (2021.b). A régua de carpinteiro (escalas) de Leonard Digges (1520-1559) para o estudo de conceitos matemáticos: possível incorporação na educação básica. Educação Matemática Debate, [S.L.], v. 5, n. 11, p. 1-17.
Paulino, S. de S. & Pereira, A. C. C. (2021c) Conhecimentos que emergem da régua de carpinteiro de Leonard Digges (1520-1559) a partir da visão dos licenciandos em matemática da UECE. Boletim Cearense de Educação e História da Matemática, [S.L.], v. 8, n. 23, p. 1078-1093.
Pereira, A. C. C. & Saito, F. (2018). Os instrumentos matemáticos na interface entre história e ensino de matemática: compreendendo o cenário nacional nos últimos 10 anos. Boletim Cearense de Educação e História da Matemática, [S. l.], v. 5, n. 14, p. 109–122.
Saito, F. (2015). História da Matemática e suas (re)construções contextuais. São Paulo: Ed. Livraria da Física/SBHMat.
Saito, F. & Dias, M. S. (2013). Interface entre História da Matemática e ensino: uma atividade desenvolvida com base num documento do século XVI. Ciência & Educação, Bauru, v. 19, n. 1, p.89-111. Quadrimestral.
Silva, M. J. F. da. (1997). Sobre a introdução de número fracionário. São Paulo: PUC/SP. Dissertação (mestrado em Ensino de Matemática).
Silva, I. C. da & Pereira, A. C. C. (2021). Definições e critérios para uso de textos originais na articulação entre história e ensino de matemática. Boletim de Educação Matemática – Bolema, Rio Claro, v. 35, n. 69. p. 223-241.
Taylor, E. G. R. (1968). The Mathematical Practitioners of Tudor & Stuart England. Cambridge, Institute of Navigation/Cambridge University Press.
Van de Walle, J. A. (2009). Matemática no ensino fundamental: formação de professores em sala de aula. Tradução Paulo Henrique Colonese. – 6. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed.
Downloads
Publicado
Métricas
Visualizações do artigo: 498 PDF downloads: 239